Educador
Eli Guimarães diz que o tema supreende, mas que acha isso positivo, porque
evita um mapeamento de temas por parte de professores que acabam quase montando
a redação com os alunos.
Para
professores, o tema da redação deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) surpreendeu por não estar entre as principais apostas para a prova.
Segundo eles, no entanto, o tema Publicidade Infantil em Questão no Brasil pode
ser abordado de várias formas e, embora não cobre o domínio de atualidade tão
diretamente como o tema do ano passado, que tratou da Lei Seca, o estudante que
acompanhou as recentes discussões sobre liberdade de imprensa e papel da mídia
no país poderá se beneficiar.
“Mais
uma vez, o Enem trabalha com um tema que é pertinente à sociedade brasileira. O
tema é muito bom para ser trabalhado dentro do que a estrutura do Enem solicita
[apresentar um problema e uma solução]”, analisa o professor do Colégio JK, em
Brasília, Marcelo Freire. “Não é um tema muito difícil, é um tema que tem uma
linha de raciocínio, como nos anos anteriores. Não dá para ir contra a Lei
Seca, não dá para ser contra a imigração. O Enem mais uma vez lança um tema que
facilita a vida do candidato”, acrescenta. Em 2013, o tema da redação foi
Efeitos da Implantação da Lei Seca no Brasil. Em 2012, foi O Movimento
Imigratório para o Brasil no Século 21.
De
acordo com o professor, o tema não estava entre os mais cotados para serem
cobrados no exame, mas o candidato não precisa ter um domínio direto de uma
questão da atualidade específica. “Vai exigir mais sensibilidade e conhecimento
no que diz respeito à liberdade de imprensa. Liberdade de expressão e midia
foram temas em que muita gente apostou. O aluno que souber aproveitar essa
discussão, que foi muito forte este ano, vai poder aplicar na redação”.
Freire
alerta, no entanto, que é preciso ter cuidado com outra regra do exame, a de
respeitar os direitos humanos no desenvolvimento do texto. Segundo ele, muitos
no ano passado feriram os direitos humanos ao definir tipos de punição àqueles
que dirigissem bêbados, o que é proibido, pelas regras do exame. O risco esse
ano é de o candidato ir contra a liberdade de imprensa.
“O
tema foi supreendente, mas não fora da tradição do Enem. O tema supreende e eu
acho isso positivo, porque evita um mapeamento de temas por parte de
professores que acabam quase montando a redação com os alunos”, diz o professor
de português do Colégio Sigma, em Brasília, Eli Carlos Guimarães. Para ele, a
discussão é pertinente porque envolve a atuação do Poder Público em relação à
liberdade de imprensa da TV, de modo geral, e cuidados com a educação,
colocando a criança como foco de preocupação social relevante. “Imagino que os
alunos vão apontar soluções no sentido de que deve haver uma legislação mais
rigorosa ou mais clara, estabelecendo limites do que é aceitável e da
responsabilidade dos anunciantes”, diz Guimarães.
Já
a professora de português do Centro de Ensino Médio Setor Leste, em Brasília,
Eliana Luízade Azevedo, destacou a amplitude do tema, que possibilitará aos candidatos
de todo o país falarem em relação ao contexto em que estão inseridos. “Os
participantes poderão trabalhar a questão da publicidade infantil nas grandes
cidades ou no interior, poderão mostrar como, em cada localidade, é trabalhada
a publicidade infantil”, diz. “O tema tem uma abrangência imensa, que pode ser
levada para o lado da violência infantil, do consumo, pode trabalhar também a
vertente de direitos humanos, a questão da erotização da criança”, acrescenta.
Neste
domingo, os candidatos fazem provas de linguagens e códigos, matemática e
redação. O exame começou a ser aplicado às 13h, no horário de Brasília, e terá
a duração de cinco horas e 30 minutos. Esta edição do Enem teve inscrição
recorde de mais de 8,7 milhões de candidatos.
Agência Brasil
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